Journal of Racial and Ethnic Social Equality

Edição Especial: Simpósio Internacional SuperCidades Educadoras Ambientais, Climáticas e Antirracistas

José Vicente — 2024-12-06

Este número, dedicado a uma edição especial, traz \textit{papers} que trabalham temáticas abordadas no Simpósio Internacional SUPERCIDADES Educadoras Ambientais, Climáticas e Antirracistas sob a ótica CIDADES MIL da UNESCO, realizado em agosto de 2024, pela Universidade da Zumbi dos Palmares, como parte da estratégia Zumbi+20. Esta iniciativa inédita contou com a parceria do Ministério do Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Mudanças Climáticas e Secretaria Municipal de Educação. O evento também lança o Fórum Super Cidades Educadoras Ambientais, Climáticas e Antirracistas e a Brigada ‘Climáticos’ - programa que visa minimizar os impactos dos extremos climáticos e erradicar o Racismo Ambiental.

O desafio de educar para uma realidade que precisa existir

Gilberto Alvarez Giusepone Júnior — 2024-12-06

Esta reflexão tem como objetivo refletir sobre os desafios da educação contemporânea, especialmente no que se refere à compreensão crítica das palavras “realidade” e “existir”. A proposta é argumentar sobre a urgência de uma educação que transcenda a mera transmissão de conhecimento e que forme pessoas capazes de interpretar o mundo de maneira crítica e transformar suas realidades, tanto individual quanto coletivamente. O texto aborda a importância da conscientização na educação, inspirada por Paulo Freire, bem como a reflexão sobre o “conhecimento” em Foucault, além de discutir os saberes essenciais para a educação do futuro, conforme apresentados por Edgar Morin em “Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”. A obra “Utopia” de Thomas More é também explorada, destacando o papel fundamental do educador como agente de mudança para um futuro mais justo, solidário e ambientalmente responsável.

Resiliência

José Renato Nalini — 2024-12-06

Esta reflexão discute os desafios causados pelo aquecimento global, que resultaram em mudanças climáticas intensas, levando à emergência de fenômenos climáticos extremos. Destaca a necessidade de ações governamentais e da sociedade civil para adaptar as cidades a esses novos desafios, com foco na construção de cidades resilientes, em vez de apenas mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A reflexão sobre a resiliência climática é central, apontando a importância da preparação das cidades para enfrentar desastres naturais, como as chuvas fortes e enchentes, exemplificadas pelas ações preventivas em São Paulo. Além disso, enfatiza a urgência do reflorestamento e o respeito pela biodiversidade, destacando a importância de educar a sociedade sobre a preservação ambiental. A resiliência é apresentada como uma ferramenta para o futuro das cidades e da humanidade, que precisa de ações responsáveis e inovadoras de todos nós.

Da fragmentação severa a integração necessária

Lavito Person Motta Bacarissa — 2024-12-06

O paper aborda as profundas desigualdades sociais no Brasil, enraizadas na história colonial e na escravidão, que resultam em fragmentação social e concentração de riqueza. A partir dos anos 2000, com a presidência de Lula, o país experimentou crescimento econômico e políticas sociais que visavam combater essas desigualdades, mas a crise econômica da segunda metade da década comprometeu esses avanços. O surgimento de um conservadorismo neoliberal culminou na destituição de Dilma Rousseff e na eleição de Jair Bolsonaro, um governo autoritário e negacionista que fragilizou as políticas públicas sociais e ambientais, levando a um agravamento da crise social e institucional. A vitória de Lula em 2022 trouxe um novo impulso, com um governo focado na "União e Reconstrução", priorizando a participação social na elaboração de políticas públicas. O \textit{paper} destaca a recriação da Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS), que visa integrar as diretrizes da Agenda 2030 da ONU no Brasil, promovendo o desenvolvimento sustentável e a equidade social. O fortalecimento da democracia e a superação da fragmentação social são apresentados como objetivos centrais do governo atual, que busca um planejamento participativo e inclusivo para o avanço social coletivo. Os desafios são imensos, mas há um grande esforço em direção à reconstrução da agenda social e ambiental no Brasil.

Nota sobre esta edição especial

Claudio Marques da Silva — 2024-12-06

O Simpósio SuperCidades: Educadoras Ambientais, Climáticas e Antirracistas sob a Ótica Cidades MIL foi realizado com o objetivo de discutir e fomentar o desenvolvimento urbano sustentável, inclusivo e antirracista, reuniu especialistas e líderes de diversas áreas em São Paulo, Curitiba e Luanda. Sob a coordenação do Professor Doutor Odair Marques da Silva e mediação do Professor Doutor Felipe Chibás Ortiz, o encontro abordou temas de extrema relevância para o futuro das cidades, utilizando a metodologia Cidades MIL (Mídia, Informação e Literacia) da UNESCO como base para reflexões profundas. Fora abordada a importância da educação e inovação para um futuro mais justo e sustentável e as contribuições acerca da visão global. O evento garantiu com a apresentação de projetos e a assinatura de termos de apoio, o destaque de um compromisso internacional com as SuperCidades e reafirmou o papel das grandes cidades na construção de um futuro mais inclusivo e sustentável.

Do racismo estrutural às soluções sistêmicas

José Vicente — 2024-12-06

Objetivo: Identificar e analisar estratégias que podem ser implementadas para promover a inclusão racial no setor bancário brasileiro.
Originalidade/valor: Este estudo propõe um conjunto sistematizado de estratégias setoriais para reduzir a desigualdade racial no setor bancário brasileiro, denominado "Estratégias Sistêmicas para Equidade Racial". Essa abordagem integrada e específica do setor não foi listada anteriormente na literatura, oferecendo uma nova perspectiva sobre a implementação de políticas de diversidade, não apenas em nível organizacional, mas considerando o setor como um todo.
Método: Esta pesquisa qualitativa utiliza a estratégia de estudo de caso, com foco específico no setor bancário brasileiro. Os procedimentos de coleta de dados incluem entrevistas semiestruturadas com representantes de instituições bancárias, entidades reguladoras e órgãos de justiça, além da análise de documentos institucionais e dados secundários. A análise dos dados segue a metodologia de Gioia, Corley e Hamilton (2013), envolvendo codificação de primeira e segunda ordem para identificar temas emergentes, culminando com a agregação dessas dimensões em um modelo teórico.
Resultados: Foram identificadas três estratégias setoriais principais: a Estratégia de Conformidade Legal, a Estratégia de Pressão Social e a Estratégia de Excelência Reconhecida, que formam o conjunto de "Estratégias Sistêmicas para Equidade Racial". Notadamente, essas não são estratégias empresariais individuais, mas setoriais, que devem ser implementadas e lideradas por instituições governamentais, órgãos reguladores ou pela sociedade.
Contribuições do estudo: Este estudo oferece uma contribuição teórica ao propor um conjunto sistematizado de estratégias setoriais para reduzir a desigualdade racial no setor bancário brasileiro. Socialmente, a pesquisa incentiva a discussão sobre a necessidade de maior equidade racial, destacando a importância de políticas abrangentes que vão além de ações isoladas das empresas.

Democratizando o Acesso à Água e ao Saneamento

Anna Luísa Beserra Santos — 2024-12-06

Este artigo examina a atuação da Sustainable Development and Water For All - SDW, uma startup social brasileira dedicada a fornecer acesso à água potável e saneamento básico em comunidades rurais e remotas. A SDW utiliza tecnologias inovadoras, como o Aqualuz e o Aquafiltro, para tratar a água de forma sustentável, além de implementar soluções de saneamento ecológico. A metodologia da SDW inclui diagnóstico social, treinamento, instalação de tecnologias e monitoramento contínuo, garantindo a sustentabilidade e o impacto positivo dos projetos. Com resultados significativos, como a redução de doenças de veiculação hídrica e a melhoria da qualidade de vida, a SDW For All demonstra como a inovação social pode ser eficaz na resolução de problemas globais de acesso à água e saneamento.

A educação ambiental como ferramenta de mudança contra as crises climáticas

Thayná Silva dos Santos — 2024-12-06

Este paper aborda sobre aquecimento global para a vida humana, a importância da educação ambiental e o papel do Programa Climáticos da Universidade Zumbi dos Palmares para o enfrentamento às emergências climáticas e a conscientização das pessoas diante destes cenários.

Descarbonização

Claudio Marques da Silva — 2024-12-06

O objetivo deste material é analisar a importância da descarbonização como estratégia para combater o aquecimento global e os impactos das mudanças climáticas. O texto explora a relação entre a emissão de gases de efeito estufa, particularmente o CO2, e os riscos ambientais, sociais e econômicos, como a perda da biodiversidade, desastres naturais e a aceleração das mudanças climáticas. Destaca também as metas globais estabelecidas pelo Acordo de Paris para limitar o aquecimento a 1,5°C e a necessidade de ações concretas para reduzir as emissões, tanto a nível global quanto local. Aponta a relação entre a justiça racial e as mudanças climáticas, destacando como comunidades marginalizadas, como a população indígena e negra, são as mais afetadas pelos impactos ambientais, sem ter contribuído significativamente para as emissões de carbono. O artigo também analisa o papel estratégico do Brasil, especialmente devido à preservação da Amazônia, e a importância de políticas públicas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Destaca ainda o papel do setor privado e das organizações da sociedade civil na promoção de práticas sustentáveis e no fortalecimento da resiliência dessas comunidades, abordando também a necessidade de garantir uma transição justa e inclusiva, levando em consideração as desigualdades sociais e raciais.